REVISTA LASANHA
ContraImagens, "Cartoon-Coluna" por Emerson Wiskow

   

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maicknuclear@gmail.com

sábado, 5 de julho de 2008

Sem saber














- Você vai pra guerra?- perguntou ela.
- Sim, tenho que ir.
- Você não precisa.
- Todos vão. Tenho que ir.
- E o quê eu farei aqui enquanto você estiver naquela merda toda?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

TANGO


APARTAMENTO E UM MAÇO DE CIGARROS

Primeiro dia. Sem música, apenas um quase silêncio. Melancolia. A Cidade Fantasma é uma merda. Assim continuará. O maior símbolo da cidade Fantasma é um avião numa praça morta, assim como todas as coisas aqui, ele não voa.
O apartamento é minúsculo e sobre o sofá está um maço de cigarros e o livro Crazy Cook de Henry Miller. O galo louco, o pau louco, o cacete louco de Miller. Um tempestuoso triângulo amoroso que leva o escritor ao desespero. Concluí que não gostaria de estar na pele de Henry Miller. Passo a vida evitando mulheres loucas, mas nem sempre consigo.
Lembro de um tango, de Astor Piazzolla, de mulheres usando leves vestidos que ao dançarem deixam escapar longas e lindas pernas. Lembro das mulheres que não conheci.
Abro a geladeira para pegar algo para beber. Encontro apenas uma garrafa de coca layt. Como Joana consegue beber isto? Tento beber um gole, desisto, pego o maço de cigarro sobre o sofá e espio a cidade lá fora enquanto a suave brisa da noite lambe meu rosto. Fumo um cigarro e penso nas coisas e tenho vontade de usar um chapéu panamá.
***
APARTAMENTO NÚMERO 2 E OUTRO MAÇO DE CIGARROS
(Um garoto numa noite solitária e quente)
11:30 da noite.
No banheiro. Um garoto caga, peida e depois ejacula.
Ainda com a bunda suja de merda ele não se agüenta. Sentado no vaso sanitário, folheando uma revista repleta de mulheres nuas esgaçando-se ao máximo. Humberto masturba-se. Elas são loiras, com cabelos lisos, finos e dourados. Parecem de borracha e sem ossos. As mulheres estampadas nas páginas da revista são lindas, possuem os olhos azuis como ele nunca viu na Cidade Fantasma. Todas tem a pele muito branca. Algumas não possuem pêlos, estão completamente lisas, depiladas. Mostram tudo ao máximo. O buraco entre suas pernas lembra um túnel cor-de-carne.
Depois de ejacular Humberto limpa o pênis com papel higiênico, amassa tudo até que tome a forma e o tamanho de uma bola de ping-pong. Uma bola de papel e sêmem. Logo após atira joga no vaso sanitário e puxa a descaga. Em seguida limpa a bunda, tira um maço de cigarros do bolso e abre a pequena janela do banheiro para fumar escondido. Sua mãe está na sala, solitária ouve um disco de tango entre suspiros e imagens do seu passado. O garoto dá mais uma tragada no cigarro e com o corpo leve lê o título da revista em sua mão, "Suecas depravadas".

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Entrevista com Allan Sieber





Allan Sieber firmou-se como um dos grandes nomes do cartum nacional. Tem editados os livros Vida de Estagiário, Preto no Branco e Sem Comentários, além de ter seu trabalho publicado em diversas revistas. Trabalhando também com animação, o cartunista Allan Sieber é autor de muitas animações de sucesso produzidas pela Toscographics. Allan é dono de um humor ácido, não perdoando ninguém. Confira a entrevista que fiz com o cartunista.
Wiskow: Quais forão tuas principais influências nos quadrinhos?
Allan: Crumb, Angeli, Jaguar, Millor e Fabio Zimbres.

Wiskow: Existe mercado para um cartunista gaúcho ganhar reconhecimento sem deixar o Rio Grande do Sul?
Allan: É meio complicado, mas existem pessoas que não saem do RS e vivem de cartum como o Vasques e o Santiago, e mais recentemente o Rodrigo Rosa e o Moa. Hoje isso está mais fácil por causa do e-mail.

Wiskow: Como está o mercado de animação no Brasil?
Allan: Depende, quanto a termos técnicos vai muito bem, temos excelentes animadores, agora quanto a animação autoral os roteiros são muito mongóis.

Wiskow: Qual o autor, tu gostas na literatura?
Allan: Gosto desses caras como Gay Talese, Tom Wolfe e Nick Tosches que fazem jornalismo/ficção.

Wiskow: Cartunista ganha mulher no traço?
Allan: Meu amigo, mulher dá pra qualquer um. Se não fosse assim um cara como o Dado Dolabella não comeria tanta gente.

Wiskow: Qual o grande nome do cartum no momento?
Allan: Acho genial o trabalho do Arnaldo Branco.

Wiskow: Tu achas que um dia o Brasil poderá ter uma cena altenativa de quadrinhos como existe nos Estados Unidos, onde muitos autores publicam e fazem sucesso sem as grandes editoras?
Allan: Acho que não. Aqui nem as grandes editoras vendem tão bem. Ninguém lê e ninguém tem dinheiro para comprar livros.

Wiskow: Você está trabalhando em mais algum filme de animação?
Allan: Estou fazendo o curta "Animadores" , sobre animadores de festas infantis e na pré-produção do longa "De Mão em Mão".

Wiskow: Cartunistas surgiam de fanzines impressos em xerox. Hoje, quase todos cartunistas possui um blog. Ter um blog ou site, tornou-se essencial para o cartunista?
Allan: Sim, é essencial.

Wiskow: Duas razões para não se tornar um cartunista.
Allan: Geralmente os cartunistas são meio chatos e geralmente é um trabalho sem muito glamour.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Foda-se Barbie!